segunda-feira, 27 de dezembro de 2010


Embotaste cada pedaço meu. Danificaste-me o ego tantas vezes e eu sempre calei as palavras. Nunca ninguém me disse para as soltar com precisão de voz certa e foi sempre isso que esperei de ti. Eram cortes de alma profundos esses teus silêncios mais amargos que limão. E eu gostava tanto de ti. Costumávamos-nos sentar no banco do jardim, onde um dia esculpiste os nossos nomes naquele velho castanheiro que se apagou com o tempo, e pôr o amor na mesa. Uma tarde abri-te o meu coração e contaste-me as cicatrizes com um corpo petrificado por pena. Lembro-me da maneira como pronuncias-te aquelas palavras que me pediam que te contasse cada história que elas escondiam. Sussurrei-te cada verdade sobre tais marcas e vis-te cair lágrimas de dor. Lembro-me dos teus olhos, fixos nos meus, a implorar para que cuspisse a mágoa. Lembro-me de quanto te foste embora e a cravas-te outra vez.

1 comentário:

Anónimo disse...

"Uma tarde abri-te o meu coração e contaste-me as cicatrizes com um corpo petrificado por pena."

adorei essa parte.